sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Mais um capítulo de O Sheik de Agadir,inédito!


O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA VIRTUAL
Contato (Só MSN): comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 9
Frieda sai do palácio. Atrás de si Hans a acompanha com os olhos. Ela passa pela ponte levadiça. Sorrateiramente, Hans vai atrás. Ela anda, anda e não demora a chegar ao seu destino: o deserto. Lá, é logo vista por Zebedeu.
- Frieda, espere! Preciso falar com você.
Frieda não dá crédito e muda inclusive a direção do caminho. Hans, atento a tudo, observa. Zebedeu faz questão de se aproximar de Frieda.
- Fugindo de mim? – pergunta ele, logo ao chegar perto.
- Como sempre – se limita a responder Frieda, e logo põe-se a caminhar.
- Aonde vais?
- Passear. Por quê? Já não se pode mais?
- Bom, pode, mas... Andar assim, sozinha, sem companhia é muito perigoso.
- Eu não estou sozinha, eu estou com Deus.
- Deixe que a acompanhe.
- Melhor andar sozinha do que mal acompanhada.
Ela para de andar. Ele também.
- O que foi, hein? Agora sim você quer seguir meus passos, quer me acompanhar? Quando estava noiva de você, isso, que era pra ter acontecido, não aconteceu, né?
- Lá vem você de novo...
- Lá vou eu de novo, sim. Não tem como esquecer aquilo, Zebedeu. Aquele olhar das pessoas, o altar sem você, meus amigos me consolando. E a vergonha? A vergonha que eu passei diante de todos os convidados, Zebedeu?
- Frieda, eu...
- Você é um crápula, isso que você é! E eu não preciso mais de você.
E põe-se a andar até que Zebedeu segura seu braço.
- Frieda, espera!
- Me solta, Zebedeu!
- Frieda!
- Ei, larga a moça! Você não ouviu? – disse uma voz atrás deles.
Agora que o casal viu que Hans acompanhava tudo.
- Conversa de marido e mulher, não se mete!
- Ex! E ex-noiva, que fique bem claro. Nunca fui casada com você e por culpa sua mesmo, que me abandonou no altar.
- Vais me condenar pelo resto da vida?
- Vou!
- Larga o braço da Frieda agora! – ordenou Hans novamente.
- Ah, é, é? O que você vai fazer se eu não largar?
Hans aponta-lhe uma metralhadora.
- Eu lhe furo todinho. Dou cabo de sua vida pelo amor de Frieda.
Pausa tensa.
- Eu estou chocado. Você apaixonado pela princesa Jeanette? – recusava-se a acreditar o capitão Otto. – Isso é demais pra minha cabeça.
- E pra minha então? Capitão Otto, eu não sei o que faço. Eu preciso de um conselho, eu estou desesperado!
- Calma, também não é pra tanto, sheik Omar. Tu queres um conselho? Pois lá vai: se entregue a esse amor.
- Entregar-me? – assustou Omar Ben Nazir. – Eu jamais esperava que tu fosses dizer-me tal coisa, capitão. Aliás, eu julgava até que o senhor fosse contra, julgava que se oporia ao meu amor.
- Por que faria isso? O reino francês está agora domesticado, estamos em pleno poder, gozando de total felicidade. Por que me oporia a um romance tão pequeno em relação à guerra? Guerra que já foi ganha, aliás.
- Certamente.
- Então, sheik? Não há problema nenhum. Quer dizer: há um problema. E desse problema, infelizmente, você não vai ter como fugir.
- Que problema é esse?
- O problema é um homem. Ele se chama capitão Maurice Dumont, a quem a sua pretendente está noiva.
E riu daquela situação.
- É verdade. Sabe que eu não pensei nisso?
- Isso é normal, capitão. A gente quando está apaixonado esquece-se de tudo. Não dizem que o amor é cego? Pois então.
- Tu sabes de tanta coisa sobre o amor. Já foi um dia apaixonado por alguém?
- Quem nunca se apaixonou, sheik Omar, que atire a primeira pedra.
- Tens razão.
- Há um momento em que somos todos obrigados a aceitar, a reconhecer que alguém, em algum momento, em algum lugar, vai nos atrair de uma maneira avassaladora, capaz de nos enlouquecer, de fazer com que façamos de tudo por esse amor. Sim, e esse amor passa a ser a vida da gente. A gente faz tudo por amor. Qualquer coisa, sheik. Sabe por quê? Porque o amor é um dos sentimentos mais fortes que o ser vivo pode sentir. E, por ser forte, é sempre perigoso.
- Bravo! – aplaudiu o sheik.
- Muito obrigado – recebeu os cumprimentos o capitão von Lucken, se curvando e rindo.
Ao fundo, e ninguém percebeu isso, a princesa Éden via e ouvia tudo, de olhos e ouvidos bem abertos.
Enquanto isso, na cozinha do palácio, Coralina varre a cozinha tranquila, quando chega a princesa Éden para tirar a sua paz.
- Miserável! – exclamou a princesa árabe, mal chegando no local.
- Aconteceu alguma coisa? – estranhou a criada.
- Aconteceu, sim.
- O quê?
- Acabo de descobrir por que aquele cão danado me repudia tanto.
- Quem te repudia?
- Mas ele vai ver comigo! Ele vai ver, ele vai ver!
- Então é por isso que você me rejeita? Por causa desse soldadinho de quinta?
- Veja como fala ou eu lhe atiro na boca e lhe faço cair todos os dentes, ouviste?
- Covarde! Só é homem com arma na mão e quando o outro está desprevenido. Mas me encare sem essa arma ou então bote uma na minha mão! Também sei atirar e posso lhe mostrar, pestilento!
- Parem vocês dois! Chega de tantas contendas! – esbravejou Frieda. – Acham que vão conquistar alguma mulher na base de pancadas?
- Todas – respondeu Zebedeu. – Quem não gosta de viver duas pessoas brigando por causa de si?
- Eu. Então, já que vão brigar, fiquem longe de mim e longe do meu amor.
Frieda sai.
- E então? Vai atirar ou não? – perguntou Zebedeu, sob a mira de Hans.
- Como você vai resolver o problema? – perguntou o capitão Otto para o sheik Omar, ambos ainda na tenda no deserto.
- O problema, no caso, é o capitão Maurice, certo? – respondeu o sheik, perguntando.
- Certo.
- Bom, eu creio que devo eliminá-lo.
- E você faria isso?
- Há alguma dúvida? Faria e faria com gosto! Pra ter o amor daquela mulher, eu estou disposto a tudo. Isso inclui matar qualquer um.
- Cuidado, sheik! Muito cuidado! O amor é perigoso, porque cega os olhos de quem está apaixonado. Não vá fazer nenhuma besteira inclusive aos teus aliados, hã?
- Não, de maneira alguma, capitão Otto! Eu jamais faria algo contra vocês. Nem motivo pra isso eu tenho.
- Nem sempre uma guerra necessita de motivos.
- Verdade. Mas pode confiar. Dou-lhe a minha palavra de honra.
- Eu acredito. Mas a pergunta que não quer calar é a seguinte.
- Diga.
- O capitão Maurice você mataria...
- De fato.
- Mas como conquistaria o amor da princesinha Jeanette? Quem lhe garante que ela iria se apaixonar por você?
- Ah, isso se resolve com o tempo.
- E se não resolver? Nem todos se apaixonam com o tempo, sheik.
- Se não resolver o problema é dela. Eu que estou apaixonado, isso que importa.
- Não acha muito egoísmo da sua parte em dizer isso, sheik Omar?
- Oh, capitão, o que foi? Por acaso estás a se opor contra mim?
- Sheik, sheik, não me ocorreu tal coisa.
- Então o que há?
- Há que você deve pensar em tudo, tem que raciocinar. Você pode até tê-la para o seu próprio prazer, mas... E se um dia você se arrepender de ter a feito sofrer, sofrer por não ter que te amar, sofrer por ela perder quem amou sinceramente? Isso não lhe preocupa?
- Nem um pouco. Meu projeto de vida é o dia de hoje. O amanhã pertence a Alá e a mais ninguém, capitão.
- Ótimo! Brindemos então, pois eu admiro muito pessoas assim.
E os dois riram, cúmplices, enquanto enchiam a pança de vinho.
- Anda! O que é que deu em você, Hans? – repetiu Zebedeu. – O quê que foi? Perdeu a valentia, a coragem? O que foi?
- Você não me provoca, rapaz! Não sabe do que sou capaz.
- Ah, você fala demais, que até me canso. Vamos, atira! Me mata de uma vez por todas! Mas saiba que, caso faça isso, a Frieda jamais vai te perdoar, ela vai te odiar pelo resto da vida.
- Ela já odeia você.
- Mesmo assim. Ou você é surdo e não ouviu o que ela disse? Ela não se interessa por pessoas que briguem por causa dela. Mas quanto a isso eu pouco me importo. Eu quero é só ver se você está ou não se importando pro que ela disse também. Então, qual vai ser: matar ou correr?
Hans abaixou a arma e partiu, sob as vistas de Zebedeu, que atrás dele, ria.
- Frouxo! Ele correu.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!


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