O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção baseada na livre
criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA VIRTUAL
Contato (Só MSN): comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 8
- Diga-me quem tu és! – ordenou Hans à nova pessoa
que surgia na história.
- Eu sou o príncipe Jesse – respondeu o rapaz –,
irmão da princesa Jeanette Legrand.
- Ora, ora, se não temos mais um nobre prisioneiro
– debochou o soldado alemão. – Mas não se preocupe. Você fará companhia à sua
querida irmã. Vai ser uma prisão em família.
E assim foi levado o príncipe Jesse ao mesmo quarto
onde estava trancafiada a princesa Jeanette. O capitão Otto von Lucken ficou
bastante satisfeito com Hans. Conversavam no deserto o seguinte:
- Você é muito eficiente, Hans. Sempre consegue me
surpreender.
- Ora, capitão Otto, apenas cumpro com o meu dever.
- O que é cada vez mais raro, não é mesmo? Afinal
de contas, eu corro risco de estar entre traidores.
- Não diga tal coisa, capitão! E eu?
- Ah, Hans, como posso saber quem é e quem não é?
Tenho que estar atento a tudo.
- Capitão, eu jamais trairia minha pátria. Eu sou
louco pelo nosso país e sinto que demonstro isso toda hora.
- É. Até que é verdade mesmo. Tu nunca me
abandonaste.
- E nem assim irei eu proceder. Capitão von Lucken,
a Alemanha é a minha vida. Nem que eu morra, eu estou disposto a lutar por ela.
E isso até o fim dos meus dias. Eu faço tudo que tiver que fazer, mato quem
tiver que matar e faço com gosto, sem nem pensar duas vezes, capitão.
- Como é bom saber que existe gente tão entregue a
um país quanto você, Hans Stauber. Eu lhe agradeço por esse amor.
- Não há nada que agradecer, capitão Otto. Esse é
um dever de todos. Ame-o ou morra: eu acredito nessa teoria e a faço valer na
prática.
- Meu irmão – falou a princesa Jeanette em seu
quarto-cativeiro. – Como é bom tê-lo aqui comigo.
- Não vejo nada de bom em ser prisioneiro. Sou
muito jovem para sofrer isso tudo. Tenho só 17 anos.
- Eu sei que você é muito jovem, que você não
merece passar por isso, realmente, Jesse, você não merece, mas, escuta, olha
pra mim!
O príncipe Jesse encarou a irmã.
- A gente precisa enfrentar essa situação juntos.
Isso que eu quero dizer quando disse que era bom ter você comigo aqui. A gente
vai sair dessa ainda, você vai ver, Jesse!
- Deus te ouça, irmã. O reino lá fora tá
despedaçado, todo mundo em polvorosa, com medo. Eles estão matando, capturando,
torturando muitos franceses. Ainda bem que nossos pais não estão mais vivos
para testemunharem essa desgraceira toda que se passa. Eles jamais aguentariam.
- Pois é. Papai estava velho, mamãe sofria do
coração...
- Mas e o capitão Maurice?
- Está trancado num quarto aí do palácio. Ai, os
malditos conseguiram!
- Parece que conseguiram mesmo.
- Mas onde você estava durante todo esse tempo?
- Por aí escondido. Vim tentar salvar você, mas o
meu plano não deu muito certo. Aquele soldado me encontrou e agora estou aqui
preso.
- Não se martirize, meu irmão. Você tentou, isso
que importa.
- Tentei, Jeanette, mas, infelizmente, não foi o
suficiente pra dar certo.
- Basta, hum? Deixe disso!
- E essa cara de choro? Fizeram alguma coisa a
você?
- Não, não fizeram nada comigo, não. Não se
preocupe.
- Minha irmã, eu te conheço muito bem. Sei quando
está mentindo. Alguém lhe aprontou algo, não é verdade?
- Não...
- Diga quem foi!
- Eu não...
- Quem? Vamos, fale, Jeanette! Só assim posso eu
ajudá-la.
- Ninguém, meu irmão. Não se preocupe com bobagens.
- O sofrimento da minha irmã não é uma bobagem.
Diga, Jeanette, estou ordenando! Foi o Hans, não foi? Aquele soldadinho de
chumbo! Ah, mas se eu o pego, sou capaz de matá-lo com minhas próprias mãos.
- Nem pense nessa loucura. Você não é um assassino
como ele.
- Mas posso me tornar. Pra tudo se tem uma primeira
vez.
- Tire isso da cabeça, meu irmão! Eu já cremei meus
pais e não gostaria de ter o mesmo desprazer com você.
- Não se preocupe, Jeanette. Não são nossos
inimigos que vão conseguir me destruir. Quanto a isso podes tu ficar sossegada.
- Assim espero, meu irmão. Assim espero.
No deserto o ódio de Zebedeu só fazia aumentar
contra a princesa Éden de Bassora.
- Miserável, bocuda, desgraçada! Por sua culpa eu
fiquei prejudicado com o capitão Otto. Mas você me paga ainda, você vai ver!
- Falando sozinho, Zebedeu? – inquiriu Madelon,
escutando-o.
- Que te importa? Melhor falar sozinho do que com
pessoas a quem não podemos confiar.
- O que você quer dizer com isso? – estranhou
Madelon.
- Nada, eu quero é ficar sozinho. Me deixa em paz
você também! Diabo!
Zebedeu saiu e deixou Madelon confusa.
- Que bicho mordeu esse maluco? – perguntou aos
seus botões.
Na sala de estar do palácio francês, o sheik de
Agadir, Omar Ben Nazir, estava com a cabeça voltada para Jeanette. Na ocasião
chegou a princesa árabe e lhe perguntou por onde andavam seus pensamentos.
- Longe, princesa Éden, bem longe.
- E eu posso saber em que ou em quem você está
pensando?
- Não, não pode.
- E por que não? Bom, se não quer me contar, é por
que tem mulher no meio. Quem é a maldita?
- Não tem mulher nenhuma, não.
- Ah, tá, até parece que eu vou acreditar, sheik.
Eu não nasci ontem, não. Conte-me quem é, hum? É mulher, não é?
- E se for? – explodiu o sheik Omar. – O que tem
você com isso? Você não é nada minha.
- Não sou, porque você não quer, pois, se fosse por
mim, eu já estaria casada com você faz tempo.
- Ah, não, Éden, de novo, não! O mundo roda, roda,
roda, mas o seu assunto não muda de jeito nenhum, né? Vê se me esquece! Eu não
sou o homem certo pra te fazer feliz.
- Engano seu, sheik. Só você poderá me fazer feliz.
Éden sentou-se junto dele no sofá, pegou suas mãos
e olhou bem nos olhos.
- Se você me desse uma chance, uma que fosse, eu
lhe mostraria o quão também eu poderia te fazer feliz.
- Chega dessa conversa, princesa Éden! – levantou o
sheik Omar, encerrando. – Não há por que discutir o indiscutível. Eu já disse a
você mil vezes: “Não, não e não!”. Por favor, não insista nessa história. Ela
não tem futuro.
- E por que não? Quem não arrisca não petisca.
- Desse petisco você jamais vai experimentar.
E saiu deixando a princesa furiosa, atirando um
objeto de cristal na parede, quebrando-o em um bilhão de pedacinhos.
- Aqui está a comida – chegou Hans, com a bandeja
na mão. – Eu vou buscar a outra bandeja e já volto.
Hans deixou aquela ali e de fato não tardou a
retornar. Mas logo saiu de novo, para alegria da princesa Jeanette e do
príncipe Jesse.
- Não vai comer, minha irmã? – perguntou o irmão,
devorando o alimento.
- Não tenho fome.
- Olhe, pois é melhor alimentar-se, viu? Ficar de
estômago vazio não será útil em nada, irmã.
- Por mim... Queria era morrer!
- Não repita mais estupidezes como essa, ouviu? Eu
quero você viva para quando recuperarmos nossa França.
- Só um milagre pra isso acontecer.
- Milagres existem.
- Mas são raros, por isso se chama milagre.
- Ora, deixe de pessimismo, Jeanette! Por onde anda
aquela força, cadê a energia que tu tinhas?
- Sumiu. Foi-se com a nossa liberdade.
- Meu Deus, que agonia você está me causando,
Jeanette, com essas palavras!
- A minha boca está expressando o sentimento da
minha alma, Jesse. Quer queira, quer não é assim que eu estou me sentindo: uma
derrotada, sem amor à vida, desiludida. Eu queria não poder estar assim, mas eu
não consigo mudar isso.
- Vem! Me dá um abraço! Garanto que isso vai
melhorar o seu ânimo.
Os irmãos se abraçam.
- Preciso da sua ajuda – falou o sheik ao capitão
von Lucken na tenda no deserto.
- Para quê?
- Eu não posso mais ocultar, capitão. Estou
apaixonado por uma mulher.
- E que mulher é essa?
- Não sei se devo te contar.
- Ué, mas, se você não me contar, como que eu posso
te ajudar, sheik Omar? Não tem jeito, você vai ter que me contar, sim.
- Capitão Otto, eu não sei se estou certo em estar
apaixonado, mas a emoção é mais forte do que a razão, entende?
- E que mal tem nisso? Todo mundo, sheik, tem o
direito de se apaixonar ao menos uma vez na vida. E com você não é diferente.
- Eu sei, capitão. O sentimento que eu estou
sentindo é certamente igual ao de que todo mundo sente um dia, mas a pessoa a
quem eu desejo demonstrar esse sentimento é que é diferente de tudo que se
possa imaginar.
- Pois pare de suspense, sheik Omar, e me diga já
por quem tu te apaixonaste.
- Prepare seu coração, sheik, porque eu estou
apaixonado...
- Hum?
- Pela princesa Jeanette Legrand.
Choque do capitão Otto.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!
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