O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma
obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a
realidade.
Original de GLÓRIA
MAGADAN
Adaptado pelo
COMENTARISTA VIRTUAL
Contato (Só MSN):
comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 9
Frieda sai do
palácio. Atrás de si Hans a acompanha com os olhos. Ela passa pela ponte
levadiça. Sorrateiramente, Hans vai atrás. Ela anda, anda e não demora a chegar
ao seu destino: o deserto. Lá, é logo vista por Zebedeu.
- Frieda, espere!
Preciso falar com você.
Frieda não dá
crédito e muda inclusive a direção do caminho. Hans, atento a tudo, observa.
Zebedeu faz questão de se aproximar de Frieda.
- Fugindo de mim? –
pergunta ele, logo ao chegar perto.
- Como sempre – se
limita a responder Frieda, e logo põe-se a caminhar.
- Aonde vais?
- Passear. Por quê?
Já não se pode mais?
- Bom, pode, mas...
Andar assim, sozinha, sem companhia é muito perigoso.
- Eu não estou
sozinha, eu estou com Deus.
- Deixe que a
acompanhe.
- Melhor andar
sozinha do que mal acompanhada.
Ela para de andar.
Ele também.
- O que foi, hein?
Agora sim você quer seguir meus passos, quer me acompanhar? Quando estava noiva
de você, isso, que era pra ter acontecido, não aconteceu, né?
- Lá vem você de
novo...
- Lá vou eu de
novo, sim. Não tem como esquecer aquilo, Zebedeu. Aquele olhar das pessoas, o
altar sem você, meus amigos me consolando. E a vergonha? A vergonha que eu
passei diante de todos os convidados, Zebedeu?
- Frieda, eu...
- Você é um
crápula, isso que você é! E eu não preciso mais de você.
E põe-se a andar
até que Zebedeu segura seu braço.
- Frieda, espera!
- Me solta,
Zebedeu!
- Frieda!
- Ei, larga a moça!
Você não ouviu? – disse uma voz atrás deles.
Agora que o casal
viu que Hans acompanhava tudo.
- Conversa de
marido e mulher, não se mete!
- Ex! E ex-noiva,
que fique bem claro. Nunca fui casada com você e por culpa sua mesmo, que me
abandonou no altar.
- Vais me condenar
pelo resto da vida?
- Vou!
- Larga o braço da
Frieda agora! – ordenou Hans novamente.
- Ah, é, é? O que
você vai fazer se eu não largar?
Hans aponta-lhe uma
metralhadora.
- Eu lhe furo
todinho. Dou cabo de sua vida pelo amor de Frieda.
Pausa tensa.
- Eu estou chocado.
Você apaixonado pela princesa Jeanette? – recusava-se a acreditar o capitão
Otto. – Isso é demais pra minha cabeça.
- E pra minha
então? Capitão Otto, eu não sei o que faço. Eu preciso de um conselho, eu estou
desesperado!
- Calma, também não
é pra tanto, sheik Omar. Tu queres um conselho? Pois lá vai: se entregue a esse
amor.
- Entregar-me? –
assustou Omar Ben Nazir. – Eu jamais esperava que tu fosses dizer-me tal coisa,
capitão. Aliás, eu julgava até que o senhor fosse contra, julgava que se oporia
ao meu amor.
- Por que faria
isso? O reino francês está agora domesticado, estamos em pleno poder, gozando
de total felicidade. Por que me oporia a um romance tão pequeno em relação à
guerra? Guerra que já foi ganha, aliás.
- Certamente.
- Então, sheik? Não
há problema nenhum. Quer dizer: há um problema. E desse problema, infelizmente,
você não vai ter como fugir.
- Que problema é
esse?
- O problema é um
homem. Ele se chama capitão Maurice Dumont, a quem a sua pretendente está
noiva.
E riu daquela
situação.
- É verdade. Sabe
que eu não pensei nisso?
- Isso é normal,
capitão. A gente quando está apaixonado esquece-se de tudo. Não dizem que o
amor é cego? Pois então.
- Tu sabes de tanta
coisa sobre o amor. Já foi um dia apaixonado por alguém?
- Quem nunca se
apaixonou, sheik Omar, que atire a primeira pedra.
- Tens razão.
- Há um momento em
que somos todos obrigados a aceitar, a reconhecer que alguém, em algum momento,
em algum lugar, vai nos atrair de uma maneira avassaladora, capaz de nos
enlouquecer, de fazer com que façamos de tudo por esse amor. Sim, e esse amor passa
a ser a vida da gente. A gente faz tudo por amor. Qualquer coisa, sheik. Sabe
por quê? Porque o amor é um dos sentimentos mais fortes que o ser vivo pode
sentir. E, por ser forte, é sempre perigoso.
- Bravo! – aplaudiu
o sheik.
- Muito obrigado –
recebeu os cumprimentos o capitão von Lucken, se curvando e rindo.
Ao fundo, e ninguém
percebeu isso, a princesa Éden via e ouvia tudo, de olhos e ouvidos bem
abertos.
Enquanto isso, na
cozinha do palácio, Coralina varre a cozinha tranquila, quando chega a princesa
Éden para tirar a sua paz.
- Miserável! –
exclamou a princesa árabe, mal chegando no local.
- Aconteceu alguma
coisa? – estranhou a criada.
- Aconteceu, sim.
- O quê?
- Acabo de
descobrir por que aquele cão danado me repudia tanto.
- Quem te repudia?
- Mas ele vai ver
comigo! Ele vai ver, ele vai ver!
- Então é por isso
que você me rejeita? Por causa desse soldadinho de quinta?
- Veja como fala ou
eu lhe atiro na boca e lhe faço cair todos os dentes, ouviste?
- Covarde! Só é
homem com arma na mão e quando o outro está desprevenido. Mas me encare sem
essa arma ou então bote uma na minha mão! Também sei atirar e posso lhe
mostrar, pestilento!
- Parem vocês dois!
Chega de tantas contendas! – esbravejou Frieda. – Acham que vão conquistar
alguma mulher na base de pancadas?
- Todas – respondeu
Zebedeu. – Quem não gosta de viver duas pessoas brigando por causa de si?
- Eu. Então, já que
vão brigar, fiquem longe de mim e longe do meu amor.
Frieda sai.
- E então? Vai
atirar ou não? – perguntou Zebedeu, sob a mira de Hans.
- Como você vai
resolver o problema? – perguntou o capitão Otto para o sheik Omar, ambos ainda
na tenda no deserto.
- O problema, no
caso, é o capitão Maurice, certo? – respondeu o sheik, perguntando.
- Certo.
- Bom, eu creio que
devo eliminá-lo.
- E você faria
isso?
- Há alguma dúvida?
Faria e faria com gosto! Pra ter o amor daquela mulher, eu estou disposto a
tudo. Isso inclui matar qualquer um.
- Cuidado, sheik!
Muito cuidado! O amor é perigoso, porque cega os olhos de quem está apaixonado.
Não vá fazer nenhuma besteira inclusive aos teus aliados, hã?
- Não, de maneira
alguma, capitão Otto! Eu jamais faria algo contra vocês. Nem motivo pra isso eu
tenho.
- Nem sempre uma
guerra necessita de motivos.
- Verdade. Mas pode
confiar. Dou-lhe a minha palavra de honra.
- Eu acredito. Mas
a pergunta que não quer calar é a seguinte.
- Diga.
- O capitão Maurice
você mataria...
- De fato.
- Mas como
conquistaria o amor da princesinha Jeanette? Quem lhe garante que ela iria se
apaixonar por você?
- Ah, isso se
resolve com o tempo.
- E se não
resolver? Nem todos se apaixonam com o tempo, sheik.
- Se não resolver o
problema é dela. Eu que estou apaixonado, isso que importa.
- Não acha muito
egoísmo da sua parte em dizer isso, sheik Omar?
- Oh, capitão, o
que foi? Por acaso estás a se opor contra mim?
- Sheik, sheik, não
me ocorreu tal coisa.
- Então o que há?
- Há que você deve
pensar em tudo, tem que raciocinar. Você pode até tê-la para o seu próprio
prazer, mas... E se um dia você se arrepender de ter a feito sofrer, sofrer por
não ter que te amar, sofrer por ela perder quem amou sinceramente? Isso não lhe
preocupa?
- Nem um pouco. Meu
projeto de vida é o dia de hoje. O amanhã pertence a Alá e a mais ninguém,
capitão.
- Ótimo! Brindemos
então, pois eu admiro muito pessoas assim.
E os dois riram,
cúmplices, enquanto enchiam a pança de vinho.
- Anda! O que é que
deu em você, Hans? – repetiu Zebedeu. – O quê que foi? Perdeu a valentia, a
coragem? O que foi?
- Você não me
provoca, rapaz! Não sabe do que sou capaz.
- Ah, você fala
demais, que até me canso. Vamos, atira! Me mata de uma vez por todas! Mas saiba
que, caso faça isso, a Frieda jamais vai te perdoar, ela vai te odiar pelo
resto da vida.
- Ela já odeia
você.
- Mesmo assim. Ou
você é surdo e não ouviu o que ela disse? Ela não se interessa por pessoas que
briguem por causa dela. Mas quanto a isso eu pouco me importo. Eu quero é só
ver se você está ou não se importando pro que ela disse também. Então, qual vai
ser: matar ou correr?
Hans abaixou a arma
e partiu, sob as vistas de Zebedeu, que atrás dele, ria.
- Frouxo! Ele
correu.
AGUARDE O PRÓXIMO
CAPÍTULO!
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