sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O sheik de agadir


O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA VIRTUAL
Contato: (Só MSN) comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 3
- Não podemos ficar aqui – quebrou o gelo o capitão Maurice Dumont, voltando à realidade. – Se alguém nos vê aqui, assim, estamos fritos.
- Eu muito mais. Por isso que vou desaparecendo. A gente se encontra?
- Temo pensar que só nos encontraremos na próxima vida.
- Só de saber que vou vê-lo outra vez já me é consolador, ainda que seja na existência vindoura. Bem, até!
- Até! – despediu Maurice.
Frieda sumiu palácio adentro. Não fosse pelo combate, Maurice ficaria ali, perdido em seus próprios pensamentos. Mas, mais do que o combate, era necessária a vitória, se a França quisesse obter outra vez a paz ao reino, o que não aconteceu. Os franceses tiveram que se render, apesar de fazerem os inimigos também perderem alguns de seus soldados. Nesses acontecimentos da batalha, o caso de Otto Von Lucken vale a pena relatar.
Otto Von Lucken, nosso capitão nazista, estava aqui a meter fogo pra tudo quanto é lado, quando, ao recarregar a munição, foi golpeado na cabeça por um cidadão francês. Com Otto tendo ido ao chão, o mesmo cidadão da França foi capaz de tirar seu punhal da cintura e cravar bem no olho direito do capitão, que urrou de dor, enquanto o sangue lhe corria pela face afora. Imediatamente, em meio a juras de vingança do capitão, que dizia querer matar esse homem, ele, em fuga, foi surpreendido por Hans.
- Pensa que vou deixá-lo partir? – questionou.
O homem recuou.
- Senhor, eu... – disse ele, amedrontado.
- Cale-se! – esbravejou Hans.
- Hans, socorro, ajude-me! Mate este homem! – disse Otto. – Ele me feriu, me arrancou um olho.
- Fique tranquilo, capitão. Deixe que eu resolva.
Hans voltou-se para o homem à sua frente. Ele estava mole feito gelatina.
- Senhor...
- Acalme-se.
E dirigiu-se ao seu pé do ouvido.
- Pode ir embora, rapaz. Só não conte pra ninguém que o deixei escapar, sim?
- Claro, meu senhor! Eu sou eternamente grato, eu...
E saiu às pressas, quando, subitamente, foi alvejado por um bilhão de tiros que Hans insistia em lhe atirar. O homem foi ao chão, morto e bastante ensanguentado.
- Claro que não vais falar a ninguém que eu o deixei escapar. Mortos não falam – disse e foi ao êxtase, rindo muito.
Próximo de si, Otto Von Lucken agonizava.
- Por que está aí parado, soldado Hans? Ajude-me! Faça alguma coisa!
- Sim, senhor. Eu vou levá-lo até uma criada. Ela saberá o que fazer.
Hans foi até ele, pegou-o e foi carregando o capitão. Este carregava na mão seu olho ensanguentado, brutalmente arrancado por alguém que agora já estava morto.
Pronto. Isto foi o que sucedera ao capitão da Alemanha. Otto Von Lucken teve o rosto lavado e enxugado, as pálpebras costuradas pela criada, que lhe deu também uns remédios naturais que o ajudariam a recuperar, remédios esses que serviriam para inibir qualquer tipo de infecção, etc. Depois lhe atou junto à cabeça um tapa-olho, a qual o capitão jamais deixaria de usar a partir daqui.
Pronto! Este, além do fato da França ter sido estrategicamente derrotada, foi o fato mais marcante da batalha. Alemães e árabes ficaram estarrecidos.
- Mas o que houve? – perguntava sempre um.
- Nada. Coloquei meu olho de férias, só isso – impacientava-se Otto. – E, se teimar em perguntar outra vez, não será eu o único a perder uma visão, eu fui claro?
E o outro sempre se curvava.
- Claro, senhor.
Depois da vitória, os vencedores mandaram um mensageiro para todo o reino afora exibir a carta de rendição da princesa Jeanette, escrita por próprio punho, que dizia o seguinte: “Acontecia o que já temia faz tempo. Fomos derrotados. Não há como reagir. Entreguem-se todos, pois não há nada mais a fazer.” E pregou ali o seguinte: “Assinado, princesa Jeanette Legrand.”
Em pouco tempo, a notícia correu de boca em boca. A população francesa ficou em polvorosa. Mas parecia tudo perdido. Não havia outra solução a não ser assumir que estavam destruídos. E foi o que fizeram. Aos que ganharam, uma festa resumia toda a felicidade merecida.
Amanheceu. Hora do café matinal. A princesa Jeanette, como de costume, assumiu seu lugar na cabeceira da mesa, sempre nas vistas de seu noivo, capitão Maurice Dumont, de pé, quando foi chegando o sheik árabe Omar Ben Nazir, o capitão nazista Otto Von Lucken, os soldados Madelon, Frieda e Hans também.
- O que é? A princesinha vai ficar em seu lugar de costume? – questionou Otto, logo vendo-a.
- Sim, se não forem se importar.
- Ah, que é isso? Pode ficar bem aí. De você eu já tive o que queria: o reino. Agora o resto...
E balançou os ombros, indiferente.
- Pois, para compensar o vosso sofrimento, sinto-me na obrigação de saudá-la – disse o sheik de Agadir, pondo-se de joelhos sobre ela, reverenciando-a. – Meus mais sinceros cumprimentos, princesa Jeanette Legrand.
Maurice, no fundo, se inquietou.
- Não há o que temer – disse, ainda agarrado às mãos da princesa. – Mantenha sua educação e me cumprimenta também!
- Tenha um bom dia.
A princesa Jeanette se livrou da mão do sheik Omar e foi para o lado dela, quando este a interpelou.
- O quê? - perguntou ela.
- Não é educado tratar um sheik do modo que você me tratou.
- Ah, não? – respondeu ela. – O que mais você quer? Tome o reino você e eles e morram secos.
Aí foi demais e o sheik não se conteve. Meteu em cheio um tapa na cara dela. Nessa hora, Maurice quase voou pra cima dele, quando teve uma arma apontada por Hans, que sempre se mostrava muito tranquilo.
- Nem tente.
- Que café da manhã mais especial! Cheio de emoções! – riu gostosamente Otto.
- Abaixe essa arma, Hans! Que mania de ficar apontando esse negócio pros outros!
- Ora, Frieda, basta! – falou Hans. – Não pode dizer nada de ninguém. Que mania a sua de defender esse homem!
Nessa hora, Otto Von Lucken se levantou da cadeira.
- O que é? Como? Eu ouvi direito?
- Não, eu acho que o senhor ouviu mal – disse Frieda.
- Calada! – explodiu o capitão Otto. – Agora eu quero ouvir tudinho da boca do Hans. Conte, Stauber! O que tu quis dizer quando falaste que ela tinha mania de defender esse homem? Conta-me! Agora!
Hans engoliu a própria saliva. Não queria entregar a amada.
- Vamos, fale! Fale ou eu vou começar a achar que temos traidores em nosso próprio exército.
- É melhor que ele fale mesmo – participou o sheik Omar. – Eu também quero saber se tenho traidores.
- Vamos, Hans! Não temos o dia todo. Explique-se!
Hans suava frio, sob o olhar atento de todos.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!

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