quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O SHEIK DE AGADIR: capítulo 22


O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA VIRTUAL
Contato (Só MSN): comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 22
- Eu era o médico responsável pelo seu tratamento, mas, agora, não sou mais – disse o médico, após ouvir a provocação da princesa Éden, e se retirou do quarto.
Coralina fez menção de segui-lo.
- Ei, doutor, não vai-te embora, por favor! Ela está doente, não sabe o que diz. Seu médico! – chamou outra vez Coralina e viu que seu pedido foi em vão.
- Deixe, Coralina! Esse médico era um inútil mesmo – disse a princesa de Agadir, acendendo uma cigarrilha.
- A senhora não devia ter insultado o doutor assim, Alteza. Quem agora vais cuidar da senhora?
- Quem sempre cuidou de mim.
- Eu? – assustou-se a criada.
- Não, sua protozoária! Você nunca cuidou nem de si mesma, como quer cuidar dos outros?
- Então quem é?
- Eu mesmo, ué. Nunca precisei de ninguém.
- Nem de mim?
- De você menos ainda, minha filha.
- Puxa, Alteza, quanta falta de consideração!
- Coralina, não me apoquente, que hoje eu não tô boa, viu?
- E que dia a senhora está? – pensou a criada.
Em seu quarto, no palácio francês, Hans tirou o esparadrapo na boca, na frente do espelho.
- Ai! – disse, sentindo um pequeno ardor. – Como pode um machucadinho doer tanto? Mas a culpa é daquele safado do Zebedeu! Ah, mas quando eu o pegar!
- É inaceitável saber como podem ser tão covardes! – berrou Madelon, entrando pela porta aberta.
- Madelon, isso é jeito de entrar no quarto dos outros? E se eu tivesse trocando de roupa?
- Problema seu, Stauber. Foi você quem deixou a porta.
- Mas isso não é nenhum convite para que entrem, né, mocinha?
- Olha, podendo entrar ou não podendo, isso eu não posso aceitar. Você vai ter que fazer alguma coisa!
- Do que é que você tá falando, menina?
- Ora, Hans, de quem mais? Da Frieda!
- O que é que foi agora, Madelon?
- Olha, eu falei com o Zebedeu sobre aquela história dela estar trancada no quarto e...
- E por quê que você tinha que contar isso logo pra ele? Cê sabe como é que ele é, não sabe?
- O problema não é esse, não, Hans. O problema é que ele se recusou a ajudar Frieda.
- Você contou a ele a história do beijo que eu dei nela?
- Contei.
- Ah, logo se vê! Por isso ele está bravo. Ele a ama, pelo menos é o que diz, né?
- Pois diz, mas diz mentira. Ele não ama, não, senhor. Se ele a amasse, na certa, teria enfrentado Deus e o mundo pra tirar ela de lá daquela prisão!
- Do jeito que você fala, até parece que ela tá no calabouço.
- Não tá ainda, mas, conhecendo o capitão como eu conheço, é bem possível que bem loguinho ele faça isso mesmo.
- Calma, não é pra tanto!
- Que não, Hans? Como podem vocês ter calma, quando o grande amor da vida de vocês, e isso é vocês que falam, está lá, presa, naquela solidão?
- Ela está comendo, bebendo, dormindo?
- Tá.
- Então não vejo mal nenhum.
Madelon foi às alturas e lhe esmurrou o peito, indignada, dizendo:
- Seu insensível!
- Ei, estou acabando de me recuperar de um ferimento e não tô afim de me machucar de novo.
- Pois, por mim, você pode se quebrar todo, infeliz! Eu quero que você se dane, Stauber! – disse Madelon, saindo, enfurecida do quarto. Mas antes parou à porta para dizer-lhe: – Monstro!
- Definitivamente, esse lugar não tá fazendo bem pra cabecinha dela – disse Hans para si mesmo.
Coralina chegou ao quarto da princesa Jeanette com uma bandeja com bolachas, frutas e xícara de café.
- Licença, princesa.
- Oi, Coralina, seja bem-vinda! Você eu recebo com júbilo total. Afinal, você é a única diferente dos dois, do sheik Omar e da princesa Éden. Enquanto eles querem coisas absolutamente repudiáveis, você é a única que me trata com carinho.
- Muito obrigada, princesa Jeanette, pelas palavras gentis.
- Que nada, Coralina! Eu é quem devo agradecer por tudo de bom que você tá fazendo pra mim, mesmo correndo o risco de se prejudicar, hein?
- Ah, qual o quê, Alteza! A princesa Éden me trata de uma maneira muito brava, mas, no fundo gosta de mim.
- Será, Coralina? Eu, se fosse você, não contava com isso, não. Pessoas como ela são incapazes de sentir afeto por alguém, apenas obsessão, hã?
- Pois não acredito. Eu acho que há momentos que há luz e bondade nela. A gente só precisa ter sorte para ver isso acontecer.
- Hum, e sorte é uma coisa tão difícil, não é?
- Concordo. Mas come, vai! Você precisa se alimentar. Vê se esse café tá bom. Eu acabei de passar.
- Ah, Coralina, ando cada vez mais sem apetite.
- Mas você precisa comer, minha filha. Você não pode ficar desnutrida, senão você morre.
- Como se a morte fosse um castigo.
- E, no seu caso, não seria?
- De jeito nenhum. No meu caso, talvez, a morte fosse até uma salvação, uma válvula de escape.
- Que é isso, princesa Jeanette? Não diga isso, que Alá castiga!
- Alá! – riu a princesa Jeanette.
- Você não acredita Nele?
- Nosso Alá é Deus, Coralina.
- E não é a mesma coisa?
- É, sim. Cada um que tem seu modo diferente de enxergar as coisas.
- Exatamente. Mas come um pouco, Jeanette!
- Ah, Coralina, se depender de ti, eu viro uma bola.
- Ah, mas vira mesmo, e com muito orgulho, viu? – disse Coralina e as duas riam muito, no momento em que a princesa francesa se punha a comer.
Zebedeu saiu pro pátio do palácio da França, quando viu Hans Stauber do lado de seu cavalo.
- Preciso falar com você! – disse Zebedeu.
- Ah, precisa? Pois eu não tenho nada pra conversar com você.
- Tem, sim. E você sabe o motivo. A Frieda!
No quarto de uma estalagem do reino francês, Romênia passava o tempo deitada na cama. O capitão Maurice Dumont estava, escorado na parede, conversando com a moça.
- O que achou desse lugar que eu arranjei para nós? – perguntou ele.
- É simples, porém simpático. Eu adorei – respondeu ela.
- Que bom. Quando nosso filho nascer, ele vai gostar de muitos lugares como esse. Eu vou levá-lo pra conhecer muito lugar, muita gente, muito bicho, muitas e muitas coisas.
- Espero mesmo, Maurice.
- Ai, Romênia! Sabe que estou me acostumando com a ideia de eu ter um filho?
- Viu? O filho é uma bênção de Deus para um casal que se ama.
- Também não é assim, Romênia. Você sabe que eu amo Jeanette.
- Até quando?
- Até quando o quê?
- Até quando que você vai amar aquela mulher?
- Acho que até o fim dos meus dias.
- Desgraçado!
- Ei, mas não precisa ficar assim – disse o capitão Maurice, chegando até sua cama e lhe acariciando a face. – A gente pode ter muitos bons momentos juntos.
- Como casal?
- Sim.
- Como casal apaixonado, jura?
- Não. Como casal de amigos, Romênia.
- Qual o que, Maurice! E eu lá quero saber de sua amizade?
- Não quer?
- Claro que não!
- Mas isso é a única coisa que eu posso lhe oferecer por ora, Romênia.
- Não é verdade e você sabe disso.
- Eu não sei de nada, Romênia. Eu ando muito confuso.
- Por que, Maurice?
- Por nada, Romênia. Não se preocupa comigo, não.
- Mas é claro que eu me preocupo! Como não?
Romênia lhe acariciou os cabelos.
- Pode se abrir comigo, Maurice. Eu te conheço.
- Está bem, Romênia. Eu vou lhe dizer o que eu ando sentindo.
- O que é que tem a Frieda? – perguntou o soldado Hans.
- Eu acabo de saber por que é que ela está trancada no quarto – respondeu Zebedeu.
- Ora, porque o capitão a trancou lá dentro, muito simples.
- Isso eu sei também, mas há um outro motivo, o verdadeiro.
- O que é que você está querendo? Tá querendo confusão? Olha, que vai acabar arranjando, rapaz! – disse Hans.
- Não é confusão que eu quero, não, Hans. Mas é você quem quer. Você que começou tudo. Você me provocou e agora vai ter o que merece.
Hans Stauber se livrou do cavalo e se postou na frente de Zebedeu.
- Eu vou ter o que mereço?
- Vai.
- E o que eu mereço?
- Seu cínico de merda! – disse Zebedeu, dando um soco na cara de Hans.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!

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