O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção
baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA
VIRTUAL
Contato (Só MSN):
comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 16
- Romênia, responda-me! É você? – perguntou o
capitão Maurice outra vez, fazendo o maior esforço para não ser cegado pela
tempestade de areia do deserto.
- Isso, sou eu mesma.
- Mas o que faz aqui?
- Pensou que poderia se esconder de mim,
capitãozinho? Nunca! Eu te encontrei e agora de mim você não escapa mais!
Choque do capitão Maurice.
Em seu quarto, Hans riu para Madelon e Frieda.
- Eu, no lugar de vocês, não apostava nisso, não,
viu? – disse ele. – Eu tenho coragem para matar o capitão Maurice e pra muito
mais, e vocês sabem, hein?
- Mas a questão não é só ter coragem – respondeu
Frieda.
- Não?
- Não. A questão é ter sorte – respondeu a mesma.
- Pois isso eu tenho de sobra.
- Até parece! – riu Madelon. – Se você tivesse essa
sorte aí que diz ter, certamente já teria conseguido pegar a Frieda.
Em meio aos risos de Madelon, Frieda e Hans se
encaravam, inquietos.
- Como assim, fugiu? – recusava-se a acreditar
Zebedeu, no deserto.
- Fugindo, ué. Que pergunta mais besta!
- Mas o palácio não estava sendo muito bem vigiado?
- Decerto.
- Então como foi que o capitão Dumont conseguiu
escapar?
- Isso é que eu queria saber. Sei que pareço uma
ilha, sabe? Cercado de imbecis por todos os lados.
- Também não é pra tanto, capitão Otto. Eu sou
bastante eficiente.
- Isso é o que você vai me provar, agora. Vá
imediatamente atrás dele e, se quiser, mate-o!
- Com prazer, capitão.
E, sem mas, mas, Zebedeu se retirou, empinando seu
cavalo.
Enquanto isso, no quarto da princesa Éden do
palácio de Agadir, o sheik a deitou na cama, sob o olhar de Coralina.
- Pronto. Tomara que se recupere logo!
- Que Alá abençoe! Foi uma grande sorte ela não ter
morrido!
- Não é pra tanto, né, Coralina? Ela só sofreu uma
queda feia na escada, nada grave, não.
- Uh, nada grave, porque Alá não quis, né? Pois, se
Ele o quisesse, já teria retirado o espírito da princesa Éden deste mundo faz
tempo!
- Por Alá, Coralina, não diga uma coisa dessas, que
eu ia me sentir culpado pelo resto da vida!
- Certamente, sheik Omar. Mas e a princesa Jeanette
Legrand?
- O que tem ela?
- Vossa Alteza a deixará trancada no quarto?
- Lógico que sim.
- Até quando?
- Aí não sei.
- Sheik, sheik, por favor, não faça isso!
- E por que não?
- Porque essa moça já está sofrendo demais.
- E por culpa dela mesmo. Quem mandou ela resistir
ao meu amor?
- Mas, sheik, as coisas não são assim!
- Chega, Coralina! Que direito achas que tem para
se meter em minha vida?
- Mil perdões, Alteza, eu só queria...
- Eu é que quero você longe daquela princesa e de
mim. Vai pra cozinha, vai! Lá que é o teu lugar.
- Se o senhor não se incomoda...
- Vá!
Coralina se retirou. O sheik Omar ficou ali olhando
para a princesa Éden, deitada, com os olhos fechadíssimos.
- Ai, princesa Éden, recupere logo, por favor!
Coralina chegou à cozinha, conversando sozinha.
- Eu sabia que isso não ia acabar bem. Mas que
ideia também! Por que é que o sheik tinha que ter trazido a princesa Legrand
aqui pro Marrocos? Ai, esse homem não bate bem da cabeça, viu?
E olhou para os lados, com receio de alguém
escutar.
- Cala-te, boca, Coralina! Se alguém escuta, você
tá ferrada!
Calou-se e disse, afinal:
- Mas que é verdade, lá isso é!
- Eu não posso me demorar – disse o capitão
Maurice.
- Por quê? O que te espera?
- O amor da minha vida.
- Amor da sua vida?
- É.
- Ué, pensei que o amor da sua vida fosse eu.
- Isso foi antigamente, Romênia. Hoje meu grande
amor é Jeanette.
- Ah, pois sim, só porque ela é princesa.
- Você sabe que eu não ligo para títulos.
- Ultimamente, eu já nem lhe reconheço mais.
- Não seja injusta!
- Eu, injusta? Até parece!
- Olha, Romênia, não dá pra eu ficar aqui! Não
tenho um minuto a perder!
- E eu posso saber para onde vai o apressadinho?
- Vou resgatar a princesa Jeanette lá em Agadir.
- Ela está presa lá?
- Exato. Foi raptada pelo sheik Omar.
- Bem-feito!
- Romênia! – berrou o capitão Maurice.
- Ah, o que tem? É bem-feito, sim! Só estou falando
o que o meu coração sente.
- Por que esse rancor com a princesa?
- Porque ela tirou você de mim.
- Não começa.
- Eu não vou começar nada, eu vim aqui, porque eu
tenho uma coisa muito importante pra te dizer.
- Vai ter que ser em outra hora...
- Ah, de jeito maneira. Ou vai ser agora ou você
não sai daqui!
Bem atrás dele, Zebedeu corria no cavalo, que
relinchava. O soldado alemão conseguiu se aproximar e, ao ouvir os relinchos, o
capitão Maurice disse a Romênia:
- Por aqui.
- Ei, Maurice, pra onde você tá me levando?
- Venha comigo, se não quiser morrer!
E ele a levou para baixo. Zebedeu passou direto.
- Vamos procurar alguma casa, qualquer coisa aqui
pra gente conversar mais sossegado.
- Tá bom – concordou a mulher.
E assim os dois foram para o meio de uma floresta.
Lá, enquanto conversavam numa cabana abandonada, alimentavam-se.
- Hum, adoro frutas silvestres! – disse Romênia. –
Ainda mais agora que estou grávida. É bom pra mim e pro bebê, sabia?
- Por falar em gravidez e bebê, eu posso lhe fazer
uma pergunta?
- Diga.
- De quem é esse filho que você está esperando? –
inquiriu o capitão Dumont.
- Ora, tolinho, e você ainda pergunta? É claro que
esse filho é teu!
No olhar do capitão francês susto.
- Não diga isso nem de brincadeira, Madelon! –
exclamou Frieda.
- Ué, Frieda, por quê? – perguntou ela.
- Isso lá é coisa que se diga: pegar? Eu não sou
fácil assim, não, tá?
- Hum... – riu Madelon.
- É, sou não. Pegar... Com quem tu andas aprendendo
esse tipo de vocabulário, garota?
- Ah, por aí se aprende tudo, né?
- É, só o que não deve – respondeu Frieda.
- Xi... Vai bancar a moralista agora? Até parece o
nosso capitão!
- Psiu, ficou maluca? Cala a boca! Já pensou se ele
escuta? – esbravejou Frieda.
- É, ele bem que podia escutar mesmo – respondeu
Hans.
- Ah, Hans, você é muito mau caráter mesmo, hein?
Só sabe puxar o saco do capitão Otto, nunca vi!
- Eu, não!
- Ah, não, eu, né? – retrucou Madelon.
- Ah, mas isso é modo de tratá-lo, Madelon? –
perguntou ele.
- Mas eu só tava brincando.
- É, mas você sabe que ele não é muito chegado a
brincadeiras.
- Mas acontece, Hans Stauber, que ele não está
aqui.
- Mas e se estivesse, Madelon? E se estivesse? Ai,
ai! Você estaria era perdida!
- Eu acho melhor a gente mudar o rumo dessa prosa –
intrometeu Frieda.
- Eu também acho, senão eu vou acabar me
aborrecendo com o seu namoradinho, viu, Frieda? – respondeu Madelon.
- Ele não é meu namoradinho, Madelon.
- Só porque você não quer, né? – respondeu ele.
- Olha aí você, Madelon! Que menino mais abusado! E
olha que ele era um poço de timidez... Olha, quer saber? Eu que cansei dessa
conversa! Vou é descansar um pouco, porque eu, minha gente, tô precisando, viu?
– e saindo: – Já tô ficando maluca já!
Madelon ficou ali sob o olhar do Hans.
- E que você tá olhando, garoto? – perguntou ela.
Ele:
- Nada.
- Ih, quem nada é peixe, moleque. Eu, hein? – e
saiu, deixando Hans ali a refletir.
- Depois o doido sou eu. Vai entender! – disse.
A princesa Jeanette Legrand, lá em Agadir, estava
ainda no quarto, deitada na cama, quando, subitamente, teve a porta invadida
pelo sheik Omar, que entrava. Ela se levantou e foi pra perto da parede, com
medo.
- O que você quer?
- Vim ver você.
- Pra quê? A gente não tem nada pra conversar.
- Aí é que você se engana, princesa, eu tenho muito
que conversar com você. Eu vim te dar uma chance e lhe garanto que é a última.
- O que isso quer dizer?
- Isso quer dizer que, se você recusar o meu amor –
tira a espada pra fora –, você é uma mulher morta.
Pausa tensíssima.
- Vamos, escolha: a vida ou a morte?
Em seu semblante medo.
- Não, por favor!
- Um. Dois.
- Não faça!
- Tudo bem, três!
- SHEIIIIIIIIIIIIIIIIIK! – berrou-lhe uma voz
conhecida.
O sheik Omar, que ia cortar a princesa francesa com
a espada, congelou. À sua frente:
- Meu Deus, não pode ser, eu fui salva! E pela
princesa Éden, ela está viva, ela acordou, acordou!
Pânico no olhar do sheik de Agadir, felicidade no
da princesa Jeanette.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!
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