segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Capítulo 20,de Ben Nazir,O Sheik de Agadir


O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA VIRTUAL
Contato (Só MSN): comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 20
Em Agadir, no quarto da princesa Éden, o médico avalia com o estetoscópio o coração da princesinha citada.
- Alguma coisa, doutor? – perguntou Coralina.
- Não. Tudo perfeitamente normal – respondeu o médico.
- Mas é óbvio! O meu problema é nas pernas e não no coração – respondeu a princesa árabe.
- Mas por que não disse logo? – perguntou ele.
- O médico aqui não é você? – rebateu ela.
- Shh! Éden – respondeu o sheik Omar –, ele só está fazendo o trabalho dele.
- Muito mal feito, por sinal – ela disse.
- Deixe-me ver as pernas.
- Tá aí, veja! – respondeu a princesa Éden.
- Não sente nada?
- Nadinha.
- Nem se eu apertar?
- Nada.
- Deixe-me ver.
O médico fez nela uma pressão com os braços, um em cada perna..
- Então, o que sente?
- Nem cócegas.
- Hum... Seu caso é grave. Grave mesmo.
- O que ela tem, doutor? – desesperou-se Coralina.
- Eu receio ter que dar essa informação, mas a princesa Éden, infelizmente, está...
Todos se olharam.
- Paralítica – pôs o médico o fim ao mistério.
- Vamos, Stauber! Estou esperando uma explicação – disse Madelon.
- Madelon, eu...
- Por que é que o capitão Otto deixou a Frieda no quarto?
- Porque ele é um monstro! – gritou Frieda do quarto e chorou, compulsivamente.
- Calma, Frieda, não fique assim! Deixe, eu vou falar com o capitão e vejo o que posso fazer por você.
- Acho melhor você nem tentar, Frieda – disse Hans.
- Por que não? – perguntou ela.
- Porque você conhece o capitão, sabe do que ele é capaz.
- Não, mas eu vou falar com ele, sim. Eu vou ajudar a minha amiga.
- Você quem sabe. Foi um conselho.
- A qual eu dispenso. Ah, o que é, Hans? Você não gosta dela?
- Não só gosto. Eu a amo.
- Devia provar, então.
- Como?
- Falando com o capitão von Lucken. Você devia tentar convencê-lo.
- E tem jeito?
- Com jeito, tudo se resolve.
- Aí é que está: não tem jeito com o capitão e você sabe.
- Sei. Sei que você é um covarde. E eu, se fosse, a Frieda jamais te daria bola. Você não merece nada mesmo – disse Madelon e desceu a escada.
- Ei, Madelon! Madelon... Diabo! – rosnou Hans. – Como se fosse fácil assim. Eu quero só ver se ela vai conseguir! Já que ela tá falando tanto, ela tem que conseguir! Mas isso eu quero só ver!
- Paralítica? Eu, doutor? – perguntou a princesa Éden.
- Você mesma.
- Ah, ótimo! Era só o que me faltava – bradou ela. – Eu nunca mais vou poder andar!
- Também não é assim, Alteza. Deve haver alguma chance – respondeu Coralina.
- Que chance, Coralina, que chance? – agitou-se a princesa Éden.
- Na verdade, existe, sim, uma possibilidade de recuperação – respondeu o médico.
Aí a princesa Éden não se conteve:
- E qual seria?
- Na verdade, é o tempo.
- Tempo?
- É. Só o tempo vai poder, de fato, atender às minhas exigências médicas.
- Que exigências médicas?
- Eu vou fazer uma série de exames com a senhora, principalmente o fisioterápico, Alteza.
- Exame fisioterápico?
- É. Eu quero observar se o seu corpo, as suas pernas vão reagir. Quero ver se vão responder aos estímulos dos meus testes.
- Quando podemos começar?
- Amanhã mesmo, se quiser.
- Ótimo. Quero que seja o mais rápido possível!
- Agora é só ter fé, Alteza. Alá não vai nos abandonar! – disse Coralina.
- Espero que não – respondeu a princesinha.
- Bem, até amanhã, então – despediu-se o médico.
- Quanto deu, doutor, a consulta? – disse o sheik, levando o médico até a porta.
No quarto, ficavam só a princesa Éden de Bassora a acender um cigarro e a criada Coralina.
- Paralítica... Era só o que me faltava, Coralina! Paralítica...
- Mas a senhora viu, Alteza, o doutor falar. Você tem chance de recuperação.
- Ah, esse médico parece muito do amador, viu? Você acha que eu acreditei numa só palavra do que ele disse?
- Não? – assustou-se a criada.
- Mas é claro que não.
- Que pena! Ele parece ser tão boa gente.
- Mas não é bom médico, oras! E eu preciso é de um bom médico e não de uma pessoa boa pra me ajudar no meu problema de saúde.
- Credo, e a senhora fala como se tivesse com alguma doença!
- Saudável é que eu não estou, não é, Coralina?
- Calma, princesa Éden! Vossa Alteza deseja um chá?
- Chá?
- É. Tem de camomila, erva cidreira, erva doce... É só a senhora falar o tipo que quer que eu faço, imediatamente, pra senhora.
- Mas que mania você tem com chá, hein, Coralina? Aliás, toda a criadagem! Será que é só isso que vocês sabem fazer: chá?
- Bom, acalma, né?
- Acalma, né?
- É.
- Acalma é ficar longe de você, sua imprestável! Suma daqui! Imediatamente!
- Alteza, mas e o chá?
- Vai pra puta que pariu, menina, você e esse chá e a sua mãe e o seu pai juntos! Ah!
Coralina se retirou de medo e a princesa Éden deu uma tragada no cigarro e disse, incrédula:
- Chá!
- Quer falar comigo? – perguntou o capitão Otto von Lucken para Madelon, ambos no escritório do palácio francês.
- É, eu... Eu acho que eu tô me intrometendo, mas eu acho que nesse assunto eu tenho que me meter, sim, capitão.
- Pois diga lá: qual é o assunto?
- A Frieda. A Frieda é o assunto.
Clima tenso.
- O que é que tem a Frieda?
- Eu soube que você a trancou no quarto.
- Fiz isso mesmo, e daí?
- Capitão, o senhor acha mesmo que devia fazer isso?
- Ela me desafiou. É claro que eu devia fazer isso! Não tive alternativa.
- Não mesmo?
- Você acha que eu ia deixar por isso mesmo, ia deixá-la passar por cima das minhas ordens? Isso nunca, Madelon!
- Capitão Otto, ela tá nervosa, agitada, não sabe o que diz.
- Ah, não? Não sabe? Pois vai aprender. Vai ser bom pra ela ficar um pouco sozinha pra ela botar as ideias no lugar. Ela precisa entender que aqui a banda toca como eu quero e você sabe disso!
- Eu sei.
- Você sabe, ela sabe, o Hans sabe, o Zebedeu sabe, todos aqui sabem. Eu não vou admitir que um único soldado ou soldada que seja me desrespeite a autoridade, isso eu não vou admitir jamais! Tá pra nascer alguém capaz disso!
- Mas o senhor pode me dizer por que é que ela está lá?
- Eu estou achando você abelhuda demais, Madelon. Por que todo esse interrogatório?
- Interrogatório nenhum, capitão Otto. É que a Frieda é amiga minha... Sinto-me mal por isso estar acontecendo.
- E você acha que eu me sinto bem? A Frieda já foi muito boa. Obediente, educada. Só que a partir do momento que ela passou a se meter com o Zebedeu e o Hans, ela me passou a decepcionar e muito.
- Então é por isso?
- Isso o quê?
- Que ela tá trancada. Por causa dos dois?
- Por causa do Hans! Imagine... Os dois se beijando na sala. Vê se isso é cenário para história de amor. A mesma coisa você...
- Eu? – afligiu-se Madelon.
- É, imagine... Vamos supor. Imagine que você e o príncipe Jesse, nosso prisioneiro, estivessem se amando, como é que eu ficava?
Madelon deu um nó na garganta.
- Vamos, me diga!
Madelon não sabia o que dizer.
- Nem sabe o que me dizer, né? Pois é. De tão improvável, de tão absurdo que é essa circunstância amorosa, coisa e tal, isso eu não posso permitir. Em um cenário de guerra, não. A gente tem que estar preparado, Madelon. Nunca se sabe qual será o próximo ataque.
- Duvido que eles reajam, capitão. Eles não têm recursos para tal.
- Não subestime o povo, Madelon. Essa raça é miserável!
- Tá bem.
- Era só isso que você tinha pra falar comigo? – perguntou o capitão Otto von Lucken.
- Era.
- Pois perdeu seu tempo. Eu não vou atender o seu pedido.
- Não mesmo?
- Infelizmente, não, Madelon. A Frieda precisa aprender, precisa entender que aqui tem um chefe, um comandante, um líder! E esse sou eu. Portanto pode se retirar!
- Tá bem, capitão. O senhor que sabe.
- Eu sempre sei, Madelon. Eu sempre sei.
Madelon, sem mais nada para fazer, saiu.
- Soltá-la... – disse para si o capitão nazista, sorrindo. – Essa é boa. Eu vou é domá-la!
Enquanto tudo acima acontecia, o capitão Maurice Dumont sofria raiva com a morosidade do cavalo que havia encontrado na floresta.
- Eita, cavalinho lento! Por isso fora abandonado naquela floresta, gente!
E então, rápida como um raio, a lembrança de Romênia lhe pesou a consciência. E ficou indeciso entre seguir viagem ou retornar.
- Jeanette? – perguntou-se, olhando pra frente? – Romênia? – perguntou-se, olhando para trás. Por fim, decidiu-se: – Romênia!
E voltou com o cavalo para ver se encontrava a ex-namorada, deixando assim a noiva de lado.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!

Nenhum comentário:

Postar um comentário