O SHEIK DE AGADIR
Atenção: esta é uma obra de ficção baseada na livre
criação artística e sem compromisso com a realidade.
Original de GLÓRIA MAGADAN
Adaptado pelo COMENTARISTA VIRTUAL
Contato: (Só MSN) comentaristavirtual@hotmail.com
CAPÍTULO 6
O capitão Otto von Lucken chegou à sala
acompanhado pela princesa Éden.
- E então? – perguntou ele. – O que
achou?
- Achei muito bom – respondeu ela. –
Muito justo que eles fiquem aí trancafiados. Só porque são pessoas de alto
escalão não quer dizer que eles não devem ser tratados como um reles camponês,
por exemplo.
- De fato – respondeu o capitão.
- Ah, capitão Otto, há uma outra coisa
que lhe desejo falar.
- Diga, princesa!
Éden de Bassora se postou
confortavelmente no sofá da sala de estar e berrou:
- Coralina, traga café!
- É pra já! – berrou a outra na
cozinha.
- Sente-se, capitão – convidou a
princesa. – Estamos sós aqui.
O capitão nazista se colocou no sofá
junto dela. A princesa Éden ergueu as pernas no alto da mesinha de frente do
sofá e acendeu um cigarro.
- Sabe, capitão, eu gosto muito do
senhor, sabe?
- Também gosto muito da senhora,
princesa.
- Que ótimo! Aceita? – e ofereceu um
cigarro.
- Por que não?
E pegou, enquanto se olhavam e trocavam
sorrisos.
- Mas o que é a conversa que você quer
ter comigo?
- Eu quero lhe falar sobre um certo
soldado meu.
- Pois não.
Deu uma tragada.
- Qual é o nome dele?
- Zebedeu.
Enquanto a princesa Éden envenenava o
capitão Otto contra o pobre soldado que apontara anteriormente sua arma a ela e
sua criada, passemos para o quarto onde o capitão Maurice Dumont está cativo.
Sozinho, ele olhava para a janela e pensava:
- Essa agonia não pode mais continuar!
A porta fez um ruído, anunciando que
estava sendo aberta. Por ela passou Madelon, com uma bandeja cheia de comida.
- Aqui está seu alimento.
- Olha! – surpreendeu-se o capitão
Maurice. – Ela fala!
- Eu falo decerto, mas não com gente
inimiga.
- Por que tanta grosseria? É só por que
somos inimigos? Por favor, Madelon, não me faça sofrer mais do que já estou sofrendo!
- Ainda não esqueceu meu nome?
O capitão Maurice Dumont abriu um
bonito sorriso e disse, por fim:
- É impossível se esquecer de você.
Já no cativeiro da princesa Jeanette
Legrand era Hans quem trazia aquela comida.
- Pra mim?
- Pra mim é que não é. Não sou eu que
estou preso aqui.
- Puxa, não dá pra ser mais gentil
comigo, não?
- Querida, você deve exigir isso do seu
povo. Eu não sou francês e não tenho a menor vontade de acatar suas ordens. Ao
contrário: você é que deve acatar as nossas ordens. Agora come!
- Não. Quem me garante que isso aí não
tá envenenado?
- E acabar com a graça do espetáculo?
Não, princesa Jeanette Legrand, não seja tão tola assim! Queremos tu viva para
que vejas o sofrimento dos teus criados, dos teus animais, dos teus amigos, do
teu namoradinho...
E ria, debochando.
- Não ouse falar do Maurice! Ele é um
santo homem!
- Se ele é santo como diz, não há então
por que se preocupar. Ele vai pro céu quando morrer e, se Deus abençoar, quem
vai matar sou eu mesmo.
Hans Stauber gargalhava.
- Saia daqui, soldado! Se for para que
eu sofra então deixe que eu sofra sozinha! Pare de perturbar o único fiapo de
paz e consolo que ainda me resta! Afaste-se daqui, enviado dos demônios!
- Eu vou, mas volto para buscar o
prato. Sou seu criado especial.
Hans riu.
- Não preciso de você nem dessa comida.
A princesa Jeanette atirou a bandeja em
Hans.
- Não fica bem para um homem
comprometido dizer essas coisas.
- Ora, e por que não, Madelon? –
questionou o capitão Maurice.
- Como por que não? É uma traição a
Jeanette Legrand!
- Que diferença faz pra você?
- Pra mim nenhuma, mas e pra ela?
- Ah... Ela agora está triste, o reino
todo está perdido.
- Será, capitão?
- Como será? Eu tenho certeza. Fomos
derrotados, não há o que discutir.
- Nem tudo está perdido, capitão
Maurice – suavizou Madelon. – Se o diabo envia pessoas ruins em nosso caminho,
Deus, infinito misericordioso, também nos manda pessoas boas para as nossas
vidas. Tudo o que temos de fazer é recebê-las, pois a esperança é a última que
morre e a vitória pode estar mais perto do que você imagina.
Disse isso e saiu, deixando o capitão
Maurice pensativo.
- Você não precisava comer, mas agora
atirar a bandeja na minha cara? – irritou Stauber, com o rosto todo lambuzado e
fervido pela comida quente. – Mas não importa. Desobedientes precisam aprender
certas lições. Prepare-se pra sua!
Hans Stauber deu um bofetão na cara da
princesa Jeanette, que foi ao chão.
- Ai, seu covarde!
- Você ainda não viu nada!
E chutou-lhe a barriga. A princesa
Jeanette berrou.
- Socorro! Socorro, tem um louco no meu
quarto!
- Miserável! – e chutou-lhe outra vez.
- Para, socorro! Alguém me ajude, por
favor!
Nessa hora, Madelon, que passava pelo
corredor, conseguiu conter o furioso Stauber, pegando-o pelo braço.
- O que foi, Hans? Pra que tudo isso?
- Essa desgraçada precisa aprender uma
lição.
- Mas na base da surra, menino?
- Não encontro outra maneira.
- Pois eu encontrei.
Pausa tensa.
- É a da paciência.
- Ah!!!! – cansou Hans. – Vocês,
mulheres, são todas iguais mesmo, todas fru-frus e cheias de nhém, nhém, nhém.
- E vocês, homens, são uns cavalos!
Vivem a dar coices. Usa a cabeça, não é só na violência que se resolve as
coisas.
- Então resolva ao seu gosto, porque eu
não conheço outro modo de resolver esses assuntos. Adeus, Madelon!
Hans se retira. Madelon olhou para
Jeanette caída, que chorava. Foi até ela e lhe acariciou o rosto, coberto de
lágrimas.
- Não chore, princesa, nem se aflija.
E chegou ao seu ouvido em tom de
confidência:
- Eu prometo que vou lhes ajudar.
E sorriu lindamente aquela sincera
mulher de nome Madelon.
AGUARDE O PRÓXIMO CAPÍTULO!
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